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http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7606
Tipo do documento: | Dissertação |
Título: | Porque fomos sequestradas dos pés ao último fio de cabelo : práticas pedagógicas no movimento de mulheres negras e a ressignificação do corpo negro |
Autor: | GODOI, Ana Cecília Rodrigues dos Santos |
Primeiro orientador: | TAVARES, Maurício Antunes |
Primeiro membro da banca: | TAVARES, Maurício Antunes |
Segundo membro da banca: | SANTIAGO, Maria Eliete |
Terceiro membro da banca: | BOTELHO, Denise Maria |
Resumo: | O presente trabalho busca explorar a potência de práticas pedagógicas utilizadas pelo movimento de mulheres negras em Pernambuco. Para tanto, travamos uma discussão centrada na violência racista e na ideologia de branquitude, discutindo tanto as suas bases elementares quanto as de difusão na cultura brasileira – embasada pela pesquisa pioneira de Neuza Souza Santos. A elaboração da violência como ideologia nos aparece através de contornos que impõem um Ideal de Ego às pessoas negras afetando sua psiqué, bem como - e não menos - o seu status social, designado a um lugar de subalternidade em dimensões subjetivas e objetivas. Para análise de tal contexto e sua complexidade, olhamos para o discurso da colonialidade que reverbera nas estruturas atuais continuando a noção do corpo negro como destituído de humanidade plena. O fenômeno de naturalização de aspectos sócio-culturais e o seu reverso, a formulação sócio-cultural de aspectos naturais proliferam esta noção de que o corpo negro deve ocupar o lugar do serviço, do açoite e da hiperssexualização. Sendo assim, coube nesta pesquisa abordar o corpo negro em suas nuances naturais e simbólicas e sua interface com a história brasileira e sua relação e forma de conceber este corpo. Dentro dessa esfera natural e simbólica, com base nos princípios da Pesquisa-Ação e da Etnografia, adentramos no universo do coletivo auto-organizado de mulheres negras Cabelaço-PE, e em sua agenda do ano de 2015; elaboramos a partir de suas ações um inventário sobre práticas pedagógicas para a desconstrução do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira. Valemo-nos do feminismo interseccional, cunhado pelas intelectuais negras afro-americanas, como epistemologia para compreender a estratificação social sustentada por processos de racialização e objetificação do corpo da mulher negra. Os usos e sentidos dados ao cabelo aparecem como foco central para análise, reunindo referências de intelectuais negras, tais como Bell Hooks, Alice Walker, Kathleen Cleaver. O corpo como unidade revolucionária em detrimento da realidade conservada pelo racismo e que tem origem na transmigração de corpos negros da África para o Brasil, conta com a base essencial dos pensamentos e pesquisa da historiadora Beatriz Nascimento, na qual a mesma elabora sobre o Orí (cabeça, núcleo) e a simbologia e reverberação histórica da iniciação e progressiva adaptação e construção histórica do povo negro em terras brasileiras. São os quilombos velhos e novos em território geográfico e em corpo físico, transbordando a partir da experiência do corpo negro, que ao estar submetido às severas investidas do racismo, vai resistindo e moldando a realidade de acordo com sua verdade e cosmovisão inevitavelmente correlata às experiências trazidas da África para cá. Abordamos as vivências do coletivo Cabelaço-PE, aonde foram trabalhados princípios de ancestralidade negra (o uso de turbantes), da re-contação de histórias com o protagonismo de mulheres negras (as bonecas Abayomis e a cultura transatlântica) e de ressignificação do corpo negro (auto-reflexão como metodologia de formação feminista). |
Abstract: | The present work seeks to explore the power of pedagogical practices used by the black women movement in Pernambuco. In order to do so, we have a discussion centered on racist violence and the ideology of whiteness, discussing both its elementary bases and those of diffusion in Brazilian culture - based on the pioneering research of Neuza Souza Santos. The elaboration of violence as an ideology appears to us through contours that impose an Ideal of Ego on black people affecting its psyche, as well as - not less - its social status, assigned to a place of subalternity in subjective and objective dimensions. For an analysis of this context and its complexity, we look at the discourse of coloniality that reverberates in today's structures by continuing the notion of the black body as devoid of full humanity. The phenomenon of naturalization of socio-cultural aspects and its reverse, the socio-cultural formulation of natural aspects proliferate this notion that the black body should occupy the place of service, whipping and hypersexualization. Thus, it was in this research to approach the black body in its natural and symbolic nuances and its interface with Brazilian history and its relation and way of conceiving this body. Within this natural and symbolic sphere, based on the principles of Research-Action and Ethnography, we enter into the universe of the self-organized group of black women Cabelaço-PE, and in its agenda of the year 2015; we draw from their actions an inventory of pedagogical practices for the deconstruction of racism and sexism in Brazilian society. We use intersectional feminism, coined by black American black intellectuals, as epistemology to understand the social stratification sustained by processes of racialization and objectification of the black woman's body. Uses and senses given to hair appear as central focus for analysis, bringing together references from black intellectuals such as Bell Hooks, Alice Walker, Kathleen Cleaver. The body as a revolutionary unit to the detriment of the reality conserved by racism and that originates in the transmigration of black bodies from Africa to Brazil, has the essential basis of the thoughts and research of the historian Beatriz Nascimento, in which she elaborates on the Orí head, nucleus) and the symbolism and historical reverberation of the initiation and progressive adaptation and historical construction of the black people in Brazilian lands. They are the quilombos old and new in geographical territory and in physical body, overflowing from the experience of the black body, that, being subjected to the severe attacks of racism, is resisting and shaping reality according to its truth and worldview inevitably correlata to the experiences brought from Africa. We approach the experiences of the collective Cabelaço-PE, where the principles of black ancestry (the use of turbans), the re-counting of stories with the protagonism of black women (the Abayomis dolls and the transatlantic culture), and the re-signification of the black body (self-reflection as a feminist training methodology). |
Palavras-chave: | Prática pedagógica Mulher negra Corpo negro Antirracismo |
Área(s) do CNPq: | CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade Federal Rural de Pernambuco |
Sigla da instituição: | UFRPE |
Departamento: | UFRPE - FUNDAJ |
Programa: | Programa de Pós-Graduação Associado em Educação, Culturas e Identidades |
Citação: | GODOI, Ana Cecília Rodrigues dos Santos. Porque fomos sequestradas dos pés ao último fio de cabelo : práticas pedagógicas no movimento de mulheres negras e a ressignificação do corpo negro. 2016. 92 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação Associado em Educação, Culturas e Identidades) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7606 |
Data de defesa: | 1-Ago-2016 |
Aparece nas coleções: | Mestrado em Educação, Culturas e Identidades |
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